[Terra Morta RPG] Capítulo 5 - Vinicius
Trancar-se no
armário do refeitório fora, afinal, uma boa estratégia para mantê-lo seguro por
um bom tempo durante os primeiros ataques. As lembranças não deixavam sua cabeça;
o colégio sendo invadido, seus amigos sendo mortos. Suspirou. Se ao menos
permanecessem mortos.
O silêncio era mortal.
Mas sabia que eles estavam lá fora,
povoando todo o colégio. Tal qual sabia que, agora, independente disso, teria
que sair dali. Conseguira se manter durante todos aqueles dias graças ao
estoque de alimentos de sua antiga merenda escolar, a qual tanto odiava.
Ironia
ou não, ali estava, são e salvo.
Recostou-se na parede em um dos
cantos da cozinha enquanto comia sua ultima metade de pão, tentando bolar um
plano para que pudesse deixar o lugar. Da ultima vez que saíra dali, há dois
dias, não havia nenhum dos mortos andantes no pátio para o qual o corredor do
refeitório levava. Mas não se arriscara. Não ainda.
Se tivesse a mesma sorte, ou azar,
continuariam concentrados no segundo andar, ocupando as salas de aula. Só assim
poderia escapar. Sabia do que aqueles miseráveis eram capazes, e não pretendia
arriscar um confronto a menos que não houvesse outra alternativa.
Terminada
sua ultima refeição, destrancou a porta e abriu uma pequena brecha. Nem sinal
de qualquer coisa lá fora. Seguiu pelo corredor, cauteloso, embora soubesse que
não havia nenhum deles ali. Assim que alcançou a porta de vidro que levava ao
refeitório, manteve-se rente à parede por um longo momento, tentando ouvir qualquer
coisa, mas a chuva do lado de fora impedia que constatasse qualquer sinal dos
filhos da mãe.
Arriscou
uma espiadela, mas a vidraça, embaçada, impedia que visse mais do que silhuetas
borradas do que estava do lado de lá. Nada se movia, porém, o que poderia ser
um bom sinal. Tentando fazer o mínimo de barulho possível, Vini destrancou a
fechadura e abriu a porta, tão devagar quanto permitia a si mesmo.
Agora
podia ouvi-los.
A
grande maioria estava nas salas de aula, no segundo andar da escola.
Torcendo
para que não estivesse agindo precipitadamente, arriscou o primeiro passo para
dentro do refeitório. Parou por um instante, e quando pensou em continuar, um
arrepio subiu-lhe a espinha no momento em que sentiu uma mão se fechar em volta
de seu tornozelo e o puxar para trás.
Ignorando
a dor por ter se chocado contra o chão, Vini se virou assim que ouviu o rosnado
logo atrás de si. A garota se esforçava para avançar, desprovida de parte da
perna esquerda, era forçada a se arrastar para que alcançasse sua presa.
–
Filha da mãe! – Vini se levantou, ofegante, e a chutou.
Usou
a vassoura para afasta-la quando voltou a segurou sua perna, e então começou a
correr. O barulho chamara atenção do restante dos estudantes pela escola, e não
pretendia permanecer ali para relembrar os velhos tempos.
Atravessou
o pátio tão rápido quanto conseguia, sem se importar com a chuva que lhe encharcava
as roupas, aumentando o peso e dificultando a locomoção . Quase podia sorrir
por estar finalmente deixando aquele lugar, senão pelas circunstancias nas
quais se encontrava.
Mas
então viu três deles atravessarem a porta da secretaria, as bocarras sujas de
sangue escancaradas e prontas para arrancar um pedaço seu. Mas não seria agora.
Não viu alternativa senão abandonar aquela rota e subir as escadas que levavam
para o auditório e, pelo que se lembrava, à antiga sala dos professores. Entrou
na primeira sala que encontrou, e no momento que trancou a porta sentiu-a estremecer
mediante os murros e chutes desferidos do lado de fora.
Parou
para respirar por uma fração de segundos, e então se virou em busca de uma nova
rota de fuga. Só então se deu conta de onde havia entrado. A diretoria, ou o
que restava dela. O lugar mostrava-se completamente inverso ao que fora um dia.
Havia sangue em toda parte, manchando o chão e as diversas folhas e documentos
que forravam o piso de forma desorganizada.
Olhou
em todos os cantos em busca de qualquer coisa que pudesse ser útil, e deparou-se
com a bandeira do Brasil presa a um mastro pontiagudo de cerca de dois metros,
logo atrás da antiga mesa da diretora.
–
Essa, sem dúvidas, não é hora para patriotismo – disse para si mesmo, e rasgou
a bandeira, deixando-a de lado para que pudesse se apoderar de sua nova arma.
Deixou
a vassoura sobre a mesa e apanhou o mastro, o qual pretendia usar como uma espécie
de lança. Não era tão pesado quanto imaginava, mas certamente não ajudaria em
sua locomoção. Melhor que nada.
Seguiu
até a janela e espiou a cidade lá fora. A rua parecia calma. Uma queda de aproximadamente
seis metros o separava da calçada lá embaixo. Mas não tinha escolha, era isso
ou permanecer trancado, como nos últimos dias. E não estava disposto a repetir
a dose. Abriu a janela e apoiou-se no parapeito.
Havia
uma caminhonete lá embaixo, a qual pretendia usar como pista de pouso.
Primeiro,
jogou o mastro, e então respirou fundo enquanto tomava coragem para saltar.
Colocou o peso do corpo sobre os braços, pronto para botar em prática seu plano
aparentemente suicida.
Um,
dois, três... E suas mãos escorregaram.
Mal
teve tempo para pensar, e chocou-se violentamente contra o capô da caminhonete,
rolando em seguida para o meio-fio. Sentiu a chuva lhe chicoteando o corpo, a
cabeça latejando, e a vista se tornando cada vez mais branda.
Então
perdeu os sentidos.
O texto acima não tem qualquer vínculo com a história original de Terra Morta e nem foi escrito por Tiago Toy. É uma adaptação do RPG mestrado no Orkut por Luan Matheus, escrita pelo próprio.
O texto acima não tem qualquer vínculo com a história original de Terra Morta e nem foi escrito por Tiago Toy. É uma adaptação do RPG mestrado no Orkut por Luan Matheus, escrita pelo próprio.
1 mordidas:
parabéns,essa historia ta boa mesmo.
20 de setembro de 2012 às 19:24Postar um comentário